Nos sistemas de produção de bovinos de corte e leite ainda há produtores que não dão a devida importância para o manejo nutricional e sanitário de bezerras, porém isso resulta em animais com reduzida capacidade produtiva ao atingirem a fase adulta. Um dos maiores problemas que afeta o bem-estar animal em bezerras é o estresse térmico, onde a taxa de ganho de calor excede a de perda, fazendo com que o animal saia da sua zona de conforto térmico.
O Brasil é um país de clima tropical caracterizado por altas temperaturas e com variações nos índices de temperatura e umidade ao longo do ano, o que afeta diretamente o conforto térmico dos animais, influenciando na criação de bezerras, fato este que pode estar relacionado a falta de instalações adequadas.
É importante destacar que, o animal possui mecanismos de defesa que auxiliam na termorregulação, porém não são suficientes para estabelecer o conforto térmico pleno. Animais em situação de estresse térmico apresentam de forma imediata, redução no consumo de matéria seca, consequentemente menor velocidade de crescimento e redução da resistência orgânica contra infecções.
Algumas estratégias podem ser utilizadas para minimizar os impactos do estresse térmico sobre os animais, como a implementação de padrões de estruturas que possam gerar conforto térmico independente da temperatura diária, como a utilização de tinta branca nas telhas, árvores nos piquetes e instalações que proporcionem sombra, ventilação, conforto e água limpa sempre disponíveis aos animais.
Na fase próximo ao parto, podem ser implementados dois sistemas: o de aleitamento natural, em que não há ou há pouca interferência do criador e a bezerra se alimenta diretamente da mãe; e o sistema de aleitamento artificial, em que há interferência total ou parcial do produtor. No sistema de aleitamento artificial é necessário que sejam mais rígidas as boas práticas de higiene, bem como as técnicas de manejo, sendo necessário maior treinamento de funcionários e planejamento da produção, porém pode resultar em melhores resultados, uma vez que é possível acompanhar e controlar a quantidade de leite ingerida, permitindo um melhor desenvolvimento e desempenho animal.
De acordo com o sistema de produção da propriedade, recomenda-se a utilização de protocolos sanitários para a prevenção de doenças infectocontagiosas com o intuito de reduzir a taxa de mortalidade do rebanho e melhorar a saúde animal. Além disso, a bezerra deve ter acesso a água limpa e alimentos de alta qualidade nutricional para o ganho de peso e manutenção fisiológica, respeitando as exigências de acordo com a raça.
O planejamento nutricional é importante e determinante para que as exigências nutricionais do animal sejam completamente atendidas, sendo necessário o acompanhamento e avaliação de um Zootecnista ou de um Médico Veterinário para formular e ajustar a dieta pós-desmame.
A adaptação dos animais da fase de desmame até a ingestão de alimentos sólidos deve ser feita de forma progressiva, respeitando o processo de adaptação, pois é a partir da ingestão da dieta sólida que será promovido o desenvolvimento ruminal. O volumoso da dieta será responsável pelo aumento do tamanho e desenvolvimento da musculatura do rúmen, enquanto que, o concentrado será responsável pelo aumento de tamanho e densidade das papilas ruminais, estrutura do rúmen responsável pela absorção dos nutrientes.
Diante disso, o fornecimento de volumosos e concentrados de alta qualidade nutricional, aliado ao balanceamento e ajuste das dietas, bem como a utilização de instalações e ferramentas que promovam um maior conforto térmico para os animais, promoverá um maior desenvolvimento ruminal, influenciando diretamente na eficiência fisiológica, ganho de peso dos animais e bem-estar animal.
(Canal Rural, 2019)
Referências Bibliográficas:
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