As galinhas caipiras são originadas daquelas que foram introduzidas no Brasil na época do descobrimento e foram selecionadas e adaptadas para a criação no país, portanto, como vieram aves de várias raças e de vários locais, é perceptível a diversidade de galinhas em relação a cores de penas, portes e comportamentos.
A criação de galinhas caipiras é realizada muitas vezes por núcleos produtivos familiares nos quintais de casa, alcançando preços superiores aos das aves comerciais, já que a oferta é inferior à demanda. Isso ocorre, porque as populações urbanas de maior poder aquisitivo são os principais consumidores, já que veem esse tipo de criação como mais natural em contrapartida aos métodos mais intensivos, além de que consideram a carne e seus ovos mais saborosos.
Entretanto, apesar de ser reconhecida como uma fonte de alimentos de alta qualidade proteica, a criação desses animais é precária em termos zootécnicos causando prejuízos a sua produtividade quando os criadores não se atentam a manter os locais de criação limpos e ofertar uma alimentação de qualidade para esses animais.
Apesar desse tipo de galinha ser mais resistente a doenças, o produtor deve se preocupar em ter um ambiente saudável e limpo para a criação, limpando os comedouros e bebedouros, colocando água limpa para as aves, usando sempre novo enchimento para o ninho, retirando as fezes das galinhas periodicamente, pulverizando o galpão a cada 30 dias e aplicando vacinas.
Em relação ao manejo nutricional na criação de galinhas caipiras, tornar a produção mais eficiente com diminuição de custos na alimentação sem perder as características dos seus produtos é um desafio. A galinha caipira tem maior capacidade de digerir e absorver nutrientes do que a galinha utilizada para produção em escala industrial, mas deve ser ofertada ração balanceada mesmo que as galinhas tenham acesso a área externa, a fim de suprir as necessidades estruturais e produtivas.
A partir disso, buscou-se implementar um sistema alternativo de criação de galinhas caipiras, que, ao mesmo tempo, resgata a tradição de criação de galinhas e oferece segurança alimentar e nutricional às famílias. Esse sistema contribui com a economia doméstica e minimiza os danos ao meio ambiente, propondo adequações necessárias a cada ecossistema onde é implantado, seja em relação aos equipamentos e as suas instalações, quanto na forma de alimentar ou medicar as aves.
Ademais, nesse tipo de sistema há a integração da criação das galinhas com outras atividades agrícolas, agroindustriais, extrativistas e pecuárias, visto que muitos agricultores familiares as desenvolvem simultaneamente. Assim, as aves criadas com acesso a um ambiente externo conseguem expressar o seu comportamento natural e, portanto, são submetidas a menos estresse.
Além disso, esse tipo de criação pode ser considerada agroecologicamente correta, pois os recursos naturais renováveis podem ser utilizados de forma racional e, logo, contribuir com a diversidade de mercados consumidores que a galinha caipira consegue atingir.
Dessa forma, fica visível que apesar da criação de galinhas caipiras ser proveniente de um produtor familiar, existe um grande potencial de desenvolvimento dessa área no mercado competitivo de aves, devendo existir investimento nesse tipo de produção sem perder os recursos genéticos, já que eles possuem a sua devida importância econômica e
social, principalmente, por contribuírem para a alimentação de grande parcela da população brasileira e para a melhoria de vida de milhares agricultores familiares do país.
Referências
EMBRAPA, 2007. ABC da Agricultura Familiar Criação de galinhas caipiras. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/11946/2/00081600.pdf. Acesso em 13 de julho de 2022.
EMBRAPA, 2018. Galinhas Caipiras Sistema Alternativo de Criação de Galinhas Caipiras Sumário. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/323094508.pdf. Acesso em 13 de julho de 2022