O Brasil é o maior exportador de carne bovina no mundo, o que torna cada vez mais atrativa a produção de gado no país. Dessa forma, o “boi verde”, animal oriundo de um sistema de criação a pasto livre com algum tipo de suplementação em cocho, destaca-se entre os sistemas utilizados na pecuária por envolver menor fornecimento de suplementação que os sistemas convencionais.

Apesar de animais terminados a pasto terem a predisposição de ter problemas de maciez nas suas carcaças devido a menor cobertura de gordura e menor conteúdo de glicogênio ou ainda possuir problemas de sabor devido a maior presença de ácidos graxos insaturados, são desafios que apresentam soluções. Por exemplo, o primeiro poderia ser minimizado ou contornado por tecnologias de manejo pré e pós abate.

Esse tipo de criação ainda não apresenta uma boa caracterização da qualidade da carne, contudo além de ter um menor custo de produção, o boi verde pode ser considerado mais sustentável, uma vez que permite o uso do pasto de forma rotacionada, em que o pasto é dividido em piquetes, permitindo o pastejo em períodos alternados, contribuindo para a recuperação da pastagem.

Diferente da criação a pasto, o confinamento é um sistema de criação em que os lotes são terminados em piquetes ou currais com área restrita, nos quais os alimentos e água são fornecidos em cochos. Dentre as suas vantagens observa-se o aumento da eficiência produtiva do rebanho, pois eles têm maior capacidade de engorda.

Quando esses dois métodos são comparados, há várias divergências, uma delas é em relação à qualidade da carne. Nesse quesito a coloração do músculo pode ser afetada pelo tipo de terminação: os animais a pasto apresentam uma coloração mais escura do que a dos bois confinados devido a quantidade de exercício físico ser maior, aumentando a mioglobina no músculo.

Embora haja o ponto citado acima, o boi verde apresenta maior quantidade de ácido linoléico conjugado (CLA) do que animais confinados, que é um ácido graxo importante para a saúde e nutrição humana, pois apresenta atividade anticarcinogênica, antioxidante, antidiabético e imunoestimulante.

Além disso, o boi criado a pasto consegue incorporar quantidades significativamente maiores de betacaroteno, antioxidante lipossolúvel importante para a visão, crescimento dos ossos, reprodução, divisão e diferenciação celular, nos tecidos musculares em comparação aos animais confinados. Em relação a vitamina E, que tem atividade antioxidante efetiva contra radicais livres, os animais a pasto apresentam maiores níveis dessa vitamina quando comparados com os animais em sistema de confinamento.

A partir disso, é perceptível que há vários pontos a serem analisados no momento da escolha do sistema de criação dos bovinos, devendo-se analisar outros fatores como a genética e nutrição a ser utilizada, viabilidade financeira do sistema, características climáticas e de vegetação da região, bem como as potencialidades de negócios para o escoamento da produção.

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